Não é por viver que eu vivo, que eu vivo
Suicidado, refém de errante invólucro
Que me leva e me traz escravo e, oh, lucro
Nenhum de levar biga sem motivo
A um circo que fechou! Que fazer, pois,
Quando o auriga corcel não tem que o valhe,
Quando a corrida falha num detalhe
Que é não haver corrida, sequer dois!
Pudesse dar-me um sono, um descanso,
Mas embutado falha-me o alfange
E a carne esquiva, fraca rima, foge,
Ah, se um dia mais a jeito me apanho!
Na ideia não me vivo, sou um estranho
Nativo de outra ideia, meu remanso.
Texto: Daniel Jonas, "Não é por viver que eu vivo, que eu vivo", in Sonótono, Lisboa, Cotovia, 2007, p.32
Fotografia: Carlos Muralhas
Fotos da Peça "Sonhos de Einstein" da Intrépida Trupe, Sessão de Abertura do MITO, 2 Setembro 2009
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