Un corps humain est lá quand, entre voyiant et visible, entre touchant et touché,entre un oeil et l’autre, entre la main et la main se fait une sorte de recroisement, quand s’allume l’étincelle du sentant-sensible, quand prend ce feu qui ne cessera pas de brûler, jusq’á ce que tel accident du corps défasse ce que nul accident n’aurait suffi à faire. Merleau-Ponty
domingo, 30 de agosto de 2009
Último dia de férias
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Subúrbios
terça-feira, 25 de agosto de 2009
A Sapiência das crianças
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Alguns dias sinto-me imerso
domingo, 23 de agosto de 2009
Da história...
Únicos...
Repetido até mais não
No Tecido da Paixão
Revela...
Distância...
Faz asfixiar
E terminar
Forografia: Carlos Muralhas - Texto: Llyrnion
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Ir, outro lugar, aquele em que não estou, aquele ao qual nunca fui, aquele onde não posso ir, agora, nunca, talvez.
Talvez, um dia faço uma loucura, maior ainda, enorme, sem limite, e chego lá, lá ao meu desejo.
Afinal, o meu desejo está tão perto... É ser o que quero, quando e onde, sempre e em todo o lugar.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Árvores e Edifícios
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Dia Mundial da Fotografia
Estou porque quero ver
Porque o tempo passa, a luz reflete e a memória esquece
Estou atento
Estou porque quero capturar
Porque ela olha, o movimento apetece e o momento acontece
Estou atento
Estou porque quero guardar
Fotografia e Texto: Carlos Muralhas
terça-feira, 18 de agosto de 2009
pressa dos outros
Há quem considere natural sentir o musgo a crescer-lhe nos pés
Há quem caminhe em direcção ao futuro sem perder a calma que herdou do passado
Mas a Maioria passa pela Vida
Em passo de Corrida
Para chegar Mais Longe
Fazer o Amanhã Hoje
E constroem a História
E controlam o Dia
E consumam a Vitória
Da Ignorância sobre a Sabedoria
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Periferias III
pouco tempo
pouco tempo
corre o tempo
espera tempo
estou atrasado
tenho que lá chegar
espera tempo
corre o tempo
pouco tempo
pouco tempo
Fotografia e Texto: Carlos Muralhas
Sabedoria
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Sensualidade bela
O olhar era invariavelmente atraído para uma única zona... para sair de lá em alvoroço, assim que se apercebia onde tinha pousado.
Até que, após diversos faux-pas visuais e alguns tropeções gramaticais, surgiu a Pergunta.
"Afinal, qual é a diferença entre essa blusa e não ter nada vestido?"
A Pergunta introduziu a Reflexão, até que esta teve que se retirar, sendo substituída pela Filosofia.
Foi daí que nasceu o Desafio.
"Despe-a! Um strip da cintura para cima!"
Foi um Desafio arriscado. Mas, naquela fase da garrafa de vinho, quem é que estava a ver se íamos longe de mais?
Mas o Desafio não ficou só, pois subitamente entrou a Contra-Proposta.
"OK! Mas só abres os olhos quando eu disser 'Abre'. E fecha-los quando eu disser 'Fecha'."
Sim... Os termos do Acordo até tinham a sua piada.
O início foi de olhos fechados. A sensação da mão a passar no ombro, um cheiro que fica quando a mão passa rente à face para pousar no outro ombro. As mãos sobre os olhos, descendo para a face, abrindo
novamente para os ombros.
Um afastamento. Os passos mais fortes no chão.
"Abre!"
Frente a frente... meneava as ancas, subindo e descendo lenta e deliberadamente... virou-se a três quartos e inverteu a rotação, inverteu novamente e...
"Fecha!"
A concentração nos passos. A aproximação. A deslocação para um dos lados.
Os passos apressados de um lado para o outro, o pé bate com força no chão, a direcção dos passos inverte-se.
"Abre!"
Rodopia. Os seios passam mesmo ali à frente dos olhos, num enquadramento como só o acaso consegue criar.
"Fecha!"
Prosseguem os passos apressados, nova pontuação com o bater do pé e afastamento, ao centro.
"Abre!"
Arranca uma sucessão de rodopios fascinantes! Quase se instala a tontura!
Os seios agitam-se com o movimento, como que desejando libertar-se da transparência que os envolve, que os sufoca.
A sua espera termina! Com três movimentos marcados, precisos, a blusa cai.
E, numa prova que a transparência por vezes ilude, pouso a mão sobre o coração. Esse, tenho sempre receio de o deixar desprotegido.
Utopia
Por instantes abstraí-me do mundo,
Imaginei um lugar onde seria feliz, onde não haveria pressa nem atrasados, posse nem possuidos, injustiça nem injustiçados...
Procuro esse lugar,
procuro ouvir a sua música... mas está silencioso,
procuro ver a sua arte... mas está escuro,
procuro tocar a sua plenitude... mas está proibido.
A História diz que mordaças e prisões nunca duram para sempre logo estou quase a encontrá-lo... mesmo quase.
Fotografia e Texto: Carlos Muralhas
terça-feira, 11 de agosto de 2009
O Legado
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Évora I
domingo, 9 de agosto de 2009
É importante sonhar
sábado, 8 de agosto de 2009
O gato Ideafix
Estou há horas a pensar no seguinte: O rato roeu a rica roupa do Rei da Rússia.
E o gato? O gato goeu a guica goupa do Guei da Gússia.
Conclusão: É preciso um estilo de vida muito próprio para poder
dedicar horas a desenvolver este pensamento.
que me embala docemente
ao sabor da corrente
do que vai na minha mente.
Sim, esta também me levou vários dias de contemplação. Sou lento, mas
isso não me aborrece. Antes pelo contrário, dá-me um prazer imenso.
Qual? Não interessa. Qualquer hora é boa para uma das minhas sestas.
que deram cabo da vossa.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
O Beco
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Á memória de Evgueni Zamiatine
Olhei durante uns momentos para ela, tal como fizeram todos os outros. Ela já não era um número; era somente uma criatura humana, existia apenas enquanto substância metafísica do insulto que acabava de ser cometido contra o Estado Único. Mas um simples movimento fez-me ver que conhecia aquele corpo dúctil como um chicote; os meus olhos, os meus lábios, as minhas mãos conheciam-na, tinha disso a firme certeza.
Adiantaram-se dois guardas, procurando cortar-lhe o passo. As trajectórias deles e dela iam cruzar-se na calçada vítrea, clara, espelhada.
O meu coração engoliu em seco, estacou e sem pensar se tal acto era permitido ou proibido, absurdo ou ajuizado, avancei para o local. Senti em cima de mim dezenas de olhos, esbugalhados de medo, mas isso deu uma força ainda mais desesperada ao ser bárbaro de mãos peludas que de mim se libertou e deu em correr cada vez mais rápido.
Tinha eu dado um ou dois passos em frente quando ela se voltou... À minha frente estava um corpo trémulo, semeado de sardas, com umas sobrancelhas ruivas...
Não era... Não, não era a E-!
A alegria desesperada abandonou-me. A vontade que me deu foi gritar: “Detenham-na!” ou “Apanhem-na!”, mas o que chegou aos meus ouvidos foi o murmúrio dos meus lábios. Entretanto, senti no ombro uma mão pesada.
(Texto retirado de Evgueni Zamiatine, Nós, Lisboa, Antígona, pp. 156)
O Romance "Nós" foi escrito em 1920, tendo sido publicado pela primeira vez em 1924, numa tradução inglesa, em Nova Iorque.
Nós constitui uma das primeiras distopias do Século XX, percursora de obras como Admirável Mundo Novo (1930), de Aldous Huxley, Mil Novecentos e Oitenta e Quatro (1948), de George Orwell e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Têm em comum descreverem por antecipação a engenharia social que, apoiada no controlo do pensamento e na repressão da dissidência, garante a unidade totalitária.
Manuel Portela, Introdução à 2ª ed., Lisboa, Antigona, 2004
Fotografia: Carlos Muralhas