quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sensualidade bela



Foi uma blusa demasiado ousada para aquele jantar a dois. Ainda para mais, não tendo mais nada por baixo.

O olhar era invariavelmente atraído para uma única zona... para sair de lá em alvoroço, assim que se apercebia onde tinha pousado.

Até que, após diversos faux-pas visuais e alguns tropeções gramaticais, surgiu a Pergunta.

"Afinal, qual é a diferença entre essa blusa e não ter nada vestido?"

A Pergunta introduziu a Reflexão, até que esta teve que se retirar, sendo substituída pela Filosofia.

Foi daí que nasceu o Desafio.

"Despe-a! Um strip da cintura para cima!"

Foi um Desafio arriscado. Mas, naquela fase da garrafa de vinho, quem é que estava a ver se íamos longe de mais?

Mas o Desafio não ficou só, pois subitamente entrou a Contra-Proposta.

"OK! Mas só abres os olhos quando eu disser 'Abre'. E fecha-los quando eu disser 'Fecha'."

Sim... Os termos do Acordo até tinham a sua piada.

O início foi de olhos fechados. A sensação da mão a passar no ombro, um cheiro que fica quando a mão passa rente à face para pousar no outro ombro. As mãos sobre os olhos, descendo para a face, abrindo
novamente para os ombros.

Um afastamento. Os passos mais fortes no chão.

"Abre!"

Frente a frente... meneava as ancas, subindo e descendo lenta e deliberadamente... virou-se a três quartos e inverteu a rotação, inverteu novamente e...

"Fecha!"

A concentração nos passos. A aproximação. A deslocação para um dos lados.

Os passos apressados de um lado para o outro, o pé bate com força no chão, a direcção dos passos inverte-se.

"Abre!"

Rodopia. Os seios passam mesmo ali à frente dos olhos, num enquadramento como só o acaso consegue criar.

"Fecha!"

Prosseguem os passos apressados, nova pontuação com o bater do pé e afastamento, ao centro.

"Abre!"

Arranca uma sucessão de rodopios fascinantes! Quase se instala a tontura!

Os seios agitam-se com o movimento, como que desejando libertar-se da transparência que os envolve, que os sufoca.

A sua espera termina! Com três movimentos marcados, precisos, a blusa cai.

E, numa prova que a transparência por vezes ilude, pouso a mão sobre o coração. Esse, tenho sempre receio de o deixar desprotegido.

Fotografia: Carlos Muralhas - Texto: Llyrnion

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