sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Beco


E, de repente, o silêncio enche-me os sentidos. Subitamente, sinto-me um intruso... barulhento... desajeitado...

Pé ante pé, esforço-me por ser etéreo, na esperança de não espantar o espírito que se espelha neste espaço.

Sinto os olhos que me fitam. Alguns cerrados, outros despedaçados. Todos encerram memórias, por detrás da fachada que os sustenta, que ostenta as feridas que o Tempo já não deixou cicatrizar.

Velho? Certamente.

Decrépito? Talvez.

Morto? Não!

Ali está a Vida que se recusa a partir! A energia de uma ideia que se aproximou demasiado do Sol, mas que um dia renascerá das cinzas, como um ideal intemporal! Um temporal... a seu tempo...

Vivo, sim! Mas, acima de tudo, digno, perante as indignidades do Tempo.

E eu...?

Regresso à minha realidade... indigno.

Fotografia: Carlos Muralhas - Texto: Llyrnion

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