Preso ao Passado...
Sim, ele não o nega.
Não por ter medo do Futuro. O Futuro não existe. Seria o mesmo que ter medo do Lobo Mau.
O seu problema é o Presente. Uma sucessão estonteante de momentos que passam tão depressa que mal os consegue captar. Todos em simultâneo. Todos a quererem ser o Presente.
O Presente afigura-se-lhe incompreensível. Não por ser dotado de uma complexidade transcendente, mas apenas porque, à força de querer ser Tudo, acaba por ser...
Nada.
Hoje, Tudo é efémero. Hoje, Tudo é relativo. Hoje, Tudo é superficial... porque, ao ritmo a que Tudo acontece, não tem tempo para ser mais...
Nada.
Apenas uma luz fugaz que não ilumina Nada apesar de deslumbrar com o brilho de Tudo.
O Passado, esse é sólido. É uma âncora presa firmemente à Realidade, espelho de um tempo em que o seu ritmo permitia que fosse gravada na pedra. Uma Realidade que tinha tempo para ser...
Tudo.
O Passado tornou-se simples porque não tentou ser Tudo. Foi apenas aquilo que teve tempo para ser. Teve momentos de emotividade luminosa, teve momentos desesperadamente sombrios. Mas cada momento foi o que tinha que ser, em toda a sua plenitude. Cada momento teve tempo para ser...
Tudo.
E espera...
Fotografia: Carlos Muralhas - Texto: Llyrnion
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